quarta-feira, 23 de abril de 2014

Para leitura e reflexão!

A PM e o Zepelim? Mais uma vez, somos questionados por um órgão de imprensa sobre o nosso modelo de polícia, o militar. O ponto de início da matéria a ser construída obedece a alguns entendimentos já pacíficos por parte da reportagem e subsidiados pela opinião de "especialistas". Vejamos: A Polícia Militar trata parte da população brasileira como potencial inimigo; O sistema de segurança pública é o mesmo da ditadura, guiado pela Lei de Segurança Nacional; A ditadura ainda está na cabeça dos governantes e principalmente das polícias; A PM que está aí atira para matar. Ela está servindo a outros interesses. Como diria o colunista Reinaldo Azevedo, este é mesmo "o ano de satanização dos militares". É triste ver como a desinformação parece habitar algumas mentes neste nosso Brasil de tantos Brasis. Pior: é mais triste ver como alguns sentimentos se tentam materializar, migrando da quimera à teoria; daí à crença; por fim, daí à "verdade". Ninguém deveria se ocupar do julgamento do pretérito, especialmente com os olhos do presente, mas não é o que ocorre neste país... Conseguimos anistiar pessoas, mas não conseguimos libertar o passado, que parece um espírito confuso, agarrando-se a um corpo jacente. Falar em inimigos, em Lei de Segurança Nacional, que a PM atira para matar, se não fosse terrível, seria cômico, porque denota, sim, a construção de um pensamento que se pretende coletivo, a partir de pessoas que se sentem intelectuais. Seria mais simples pensar o mundo a partir de fatos, mas alguns propagadores de opinião preferem as ideologias, o partidarismo e, até, o oportunismo. Na maioria das vezes, as polícias militares se desviam do posicionamento político (na essência da palavra); nossos contumazes detratores, não. E essa desigualdade se reflete no açoite cotidiano à categoria que se imbui de receber sobre si todos os pecados do mundo. Talvez seja oportuno então alertarmos a sociedade quanto ao Brasil que alguns sonham construir, numa versão romântica, e bastante suspeita. Antes disso, porém, talvez devêssemos informar que, desde 1997, a Polícia Militar de São Paulo se estrutura a partir de conceitos de polícia comunitária. Pode-se mencionar também que o Método Giraldi de Tiro Defensivo para a Preservação da Vida, criado por um oficial da PM paulista e nela desenvolvido, é recomendado pela Cruz Vermelha Internacional como efetivamente aplicável ao treinamento das polícias. Nosso Programa Estadual de Resistência às Drogas (Proerd), em vinte anos de atividade, já formou mais de sete milhões de crianças, ensinando-lhes caminhos seguros para fugir ao contato com esse mal que assombra nossa sociedade. Isso significa dizer que já educamos um número de jovens que representa 16% dos 43 milhões de paulistas, segundo estimativa do IBGE para o ano de 2013. E não seria demais também lembrar que, no ano passado, atendemos 2.450.098 ocorrências, prendemos 183.952 pessoas, apreendemos mais de 80 toneladas de drogas, 13.828 armas de fogo em poder de criminosos, prestamos 2.506.664 atendimentos sociais e resgatamos 619.231 pessoas. Seria tudo isso fruto de nossa vocação para enxergar a população como inimiga? Seria a ditadura que ainda está em nossa cabeça? A influência da Lei de Segurança Nacional? Ou ainda nossa compulsão de atirar para matar?! Em que mundo esses "especialistas" fundamentam suas teorias? Muito provavelmente a resposta esteja em outro século e em outro continente, nascida da cabeça de alguém que pregou a difusão de um modelo hegemônico, que se deve construir espalhando intelectuais em partidos, universidades, meios de comunicação. Em seguida, minando estruturas básicas e sólidas de formação moral, como família, escola e religião. Por fim, ruindo estruturas estatais, as instituições democráticas. Assim é o discurso desses chamados "intelectuais orgânicos", como costumam se denominar, em consonância com as ideias revolucionárias do italiano Antonio Gramsci, que ecoaram pelo mundo a partir da década de 1930. Tão assombrosa quanto esse discurso anacrônico, ou mais, é a teorização formulada por quem, em vez de servir a uma instituição, prefere servir-se dela, desqualificando-a, conspurcando-a. Nesse caso, o problema talvez não esteja na ideologia, mas na conveniência da oportunidade de mercado. No presente momento em que diversos grupos supostamente democráticos fazem coro para desmilitarizar a nossa polícia, vemos pessoas que aqui passaram a maior parte de sua vida se colocando como arautos das mudanças que urgem. Esse tipo de voz ecoa muito mais pelo inusitado do que pela qualidade de seus argumentos pseudocientíficos. É a chamada crítica à moda Brás Cubas. Saca-se alguém de um determinado meio e essa pessoa recebe chancela de legitimidade por falar de algo que, em tese, conhece por vivência. É inadmissível que um profissional, que deveria ter compromisso com a verdade, pois assim assumiu em juramento, falar em premiações, medalhas a policiais que matam, como se isso fosse uma prática corrente, cultural. Somos a instituição que mais depura seu público interno, sujeita a regulamentos, códigos rígidos de conduta e com uma corregedoria implacável contra agressores de policiais e contra policiais bandidos. Exoneramos centenas. Só em 2013, foram 349. Como dizer que toleramos o erro? Onde está a responsabilidade no que é dito. Enfim, parece ser oportuno criticar um modelo de polícia que suporta o tempo e as circunstâncias adversas. Temos história, uma cultura, valores morais, coisa rara nos dias de hoje. Critica-se, mas, no momento da agrura, sabemos qual é a última instância salvadora, quem pode nos socorrer: "o policial ditador, que nos vê como inimigos, que age conforme a L.S.N., que atira para matar...". É como soava no refrão de Chico Buarque: "... Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir...". Vem o sufoco, a salvação; passa o sufoco, torna-se ao linchamento. Será que a sociedade prescinde um dia de nós? Uma manhã? Uma hora? Ainda somos uma democracia, é bom que nos lembremos sempre disso. Se um dia tivermos de mudar nosso modelo, que seja pelo desejo do povo, não de "especialistas". Centro de Comunicação Social da Polícia Militar de São Paulo

terça-feira, 8 de abril de 2014

Questão 872 de O Livro dos Espíritos Autor: Allan Kardec A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido. Cabe à educação combater essas más tendências. Fá-lo-á utilmente, quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene. Desprendido da matéria e no estado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordo com o grau de perfeição a que haja chegado e é nisso, como temos dito, que consiste sobretudo o seu livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a anula. Se ele cede à influência da matéria, é que sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu. Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (337) Sem o livre-arbítrio, o homem não teria nem culpa por praticar o mal, nem mérito em praticar o bem. E isto a tal ponto está reconhecido que, no mundo, a censura ou o elogio são feitos à intenção, isto é, à vontade. Ora, quem diz vontade diz liberdade. Nenhuma desculpa poderá, portanto, o homem buscar, para os seus delitos, na sua organização física, sem abdicar da razão e da sua condição de ser humano, para se equiparar ao bruto. Se fora assim quanto ao mal, assim não poderia deixar de ser relativamente ao bem. Mas, quando o homem pratica o bem, tem grande cuidado de averbar o fato à sua conta, como mérito, e não cogita de por ele gratificar os seus órgãos, o que prova que, por instinto, não renuncia, mau grado, à opinião de alguns sistemáticos, ao mais belo privilégio de sua espécie: a liberdade de pensar. A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal fosse a ordem das coisas, o homem seria qual máquina sem vontade. De que lhe serviria a inteligência, desde que houvesse de estar invariavelmente dominado, em todos os seus atos, pela força do destino? Semelhante doutrina, se verdadeira, conteria a destruição de toda liberdade moral; já não haveria para o homem responsabilidade, nem, por conseguinte, bem, nem mal, crimes ou virtudes. Não seria possível que Deus, soberanamente justo, castigasse suas criaturas por faltas cujo cometimento não dependera delas, nem que as recompensasse por virtudes de que nenhum mérito teriam. Demais, tal lei seria a negação da do progresso, porquanto o homem, tudo esperando da sorte, nada tentaria para melhorar a sua posição, visto que não conseguiria ser mais nem menos. Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí desempenha, em conseqüência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a fatalidade, pois da sua vontade depende ceder ou não a essas tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficam subordinados às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas circunstâncias podem os Espíritos influir pelos pensamentos que sugiram. (459) Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por serem estes consequência da escolha que o Espírito fez da sua existência de homem. Pode deixar de haver fatalidade no resultado de tais acontecimentos, visto ser possível ao homem, pela sua prudência, modificar-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral. No que concerne à morte é que o homem se acha submetido, em absoluto, à inexorável lei da fatalidade, por isso que não pode escapar à sentença que lhe marca o termo da existência, nem ao gênero de morte que haja de cortar a esta o fio. Segundo a doutrina vulgar, de si mesmo tiraria o homem todos os seus instintos que, então, proviriam, ou da sua organização física, pela qual nenhuma responsabilidade lhe toca, ou da sua própria natureza, caso em que lícito lhe fora procurar desculpar-se consigo mesmo, dizendo não lhe pertencer a culpa de ser feito como é. Muito mais moral se mostra, indiscutivelmente, a Doutrina Espírita. Ela admite no homem o livre-arbítrio em toda a sua plenitude e, se lhe diz que, praticando o mal, ele cede a uma sugestão estranha e má, em nada lhe diminui a responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir, o que evidentemente lhe é muito mais fácil do que lutar contra a sua própria natureza. Assim, de acordo com a Doutrina Espírita, não há arrastamento irresistível: o homem pode sempre cerrar ouvidos à voz oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o ao mal, como pode cerrá-los à voz material daquele que lhe fale ostensivamente. Pode-o pela ação da sua vontade, pedindo a Deus a força necessária e reclamando, para tal fim, a assistência dos bons Espíritos. Foi o que Jesus nos ensinou por meio da sublime prece que é a oração dominical, quando manda que digamos: “Não nos deixes sucumbir à tentação, mas livra-nos do mal.” Essa teoria da causa determinante dos nossos atos ressalta com evidência de todo o ensino que os Espíritos hão dado. Não só é sublime de moralidade, mas também, acrescentaremos, eleva o homem aos seus próprios olhos. Mostra- o livre de subtrair-se a um jugo obsessor, como livre é de fechar sua casa aos importunos. Ele deixa de ser simples máquina, atuando por efeito de uma impulsão independente da sua vontade, para ser um ente racional, que ouve, julga e escolhe livremente de dois conselhos um. Aditemos que, apesar disto, o homem não se acha privado de iniciativa, não deixa de agir por impulso próprio, pois que, em definitiva, ele é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob o envoltório corporal, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito. Conseguintemente, as faltas que cometemos têm por fonte primária a imperfeição do nosso próprio Espírito,que ainda não conquistou a superioridade moral que um dia alcançará, mas que, nem por isso, carece de livre-arbítrio. A vida corpórea lhe é dada para se expungir de suas imperfeições, mediante as provas por que passa, imperfeições que, precisamente, o tornam mais fraco e mais acessível às sugestões de outros Espíritos imperfeitos, que delas se aproveitam para tentar fazê-lo sucumbir na luta em que se empenhou. Se dessa luta sai vencedor ele se eleva; se fracassa, permanece o que era, nem pior, nem melhor. Será uma prova que lhe cumpre recomeçar, podendo suceder que longo tempo gaste nessa alternativa. Quanto mais se depura, tanto mais diminuem os seus pontos fracos e tanto menos acesso oferece aos que procurem atraí-lo para o mal. Na razão de sua elevação, cresce-lhe a força moral, fazendo que dele se afastem os maus Espíritos. Todos os Espíritos, mais ou menos bons, quando encarnados, constituem a espécie humana e, como o nosso mundo é um dos menos adiantados, nele se conta maior número de Espíritos maus do que de bons. Tal a razão por que aí vemos perversidade. Façamos, pois, todos os esforços para a este planeta não voltarmos, após a presente estada, e para merecermos ir repousar em mundo melhor, em um desses mundos privilegiados, onde não nos lembraremos da nossa passagem por aqui, senão como de um exílio temporário. *Fonte: www.oespiritismo.com.br

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Meditei muito antes de postar esta mensagem e decidi que não iria deixar passar em branco este episódio. No dia 10 de julho, completou-se um ano de um fato que deu uma guinada em minha vida. Logo quando ocorreu e nos meses seguintes, tive um misto de sensações, revolta, indignação, conformismo, abandono de mim mesmo, e toda uma gama de formas de reações que culminaram com a constatação de uma verdade, a vida não circula ao redor do trabalho. Por graça de Deus, estou calcado em um alicerce forte que é a família e isso manteve-me com a consciência ativa. Mudei minha vida e hoje curso Direito e conduzo meus passos em outra direção. Compreendi perfeitamente que a Instituição à qual pertenço não é a culpada pelos desmandos praticados pelos pequenos homens que a dirigem mau. É uma Instituição sesquicentenária, digna e importante para o ordenamento da nação, que tem no seu papel social o maior legado desta importância, portanto , não deve se ressentir destes medíocres que, por qualquer motivo pessoal ou mesquinho, tentam abater aqueles que dedicaram sua vida inteira a servir ao povo baiano de forma integral, abdicando muitas vezes do convívio familiar em prol da servidão voluntária à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade baiana. A estes pequenos homens digo o seguinte: os senhores passam, e quando se forem, deixarão parta trás, naturalmente, aqueles que os aprovam e os que não, independente da proporção entre eles, o que deve preponderar é a consciência tranquila, porém, lembrem-se de que, embora leve, o jugo é inevitável, seremos inexoravelmente julgados pelos nossos atos. Os senhores conduzem esta centenária milícia de bravos como um pequeno feudo onde a meritocracia não passa de uma sombra deixada ao chão pelo agigantamento do prestígio aos bajuladores, mas, por mais incômodo que isto seja, a certeza de que os senhores passam permanece, e isso motiva este coração miliciano que, por suas formas mesquinhas de conduzir, há um ano deixou de bater, mas que será ressuscitado em breve.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Policia indefesa

Luis Felipe Pondé, para a folha de São Paulo.


A POLÍCIA é uma das classes que sofrem maior injustiça por parte da sociedade. Lançamos sobre ela a suspeita de ser um parente próximo dos bandidos. Isso é tão errado quanto julgar negros inferiores pela cor ou gays doentes pela sua orientação sexual.
Não, não estou negando todo tipo de mazela que afeta a polícia nem fazendo apologia da repressão como pensará o caro inteligentinho de plantão. Aliás, proponho que hoje ele vá brincar no parque, leve preferivelmente um livro do fanático Foucault para a caixa de areia.
Partilho do mal-estar típico quando na presença de policiais devido ao monopólio legítimo da violência que eles possuem. Um sentimento de opressão marca nossa relação com a polícia. Mas aqui devemos ir além do senso comum.
Acompanhamos a agonia da Bahia e sua greve da Polícia Militar, que corre o risco de se alastrar por outros Estados. Sem dúvida, o governador da Bahia tem razão ao dizer que a liderança do movimento se excedeu. A polícia não pode agir dessa forma (fazer reféns, fechar o centro administrativo).
A lei diz que a PM é serviço público militar e, por isso, não pode fazer greve. O que está corretíssimo. Mas não vejo ninguém da "inteligência" ou dos setores organizados da sociedade civil se perguntar por que se reclama tanto dos maus salários dos professores (o que também é verdade) e não se reclama da mesma forma veemente dos maus salários da polícia. É como se tacitamente considerássemos a polícia menos "cidadã" do que nós outros.
Quando tem algum problema como esse da greve na Bahia, fala-se "mas o problema é que a polícia ganha mal", mas não vejo nenhum movimento de "repúdio" ao descaso com o qual se trata a classe policial entre nós. Sempre tem alguém para defender drogados, bandidos e invasores da terra alheia, mas não aparece ninguém (nem os artistas da Bahia tampouco) para defender a polícia dos maus-tratos que recebe da sociedade.
A polícia é uma função tão nobre quanto médico e professor. Policial tem mulher, marido, filho, adoece como você e eu. Não há sociedade civilizada sem a polícia. Ela guarda o sono, mantém a liberdade, assegura a Justiça dentro da lei, sustenta a democracia. Ignorante é todo aquele que pensa que a polícia seja inimiga da democracia. Na realidade, ela pode ser mais amiga da democracia do que muita gente que diz amar a democracia, mas adora uma quebradeira e uma violência demagógica.
Sei bem que os inteligentinhos que não foram brincar no parque (são uns desobedientes) vão dizer que estou fazendo uma imagem idealizada da polícia.
Não estou. Estou apenas dando uma explicação da função social da polícia na manutenção da democracia e da civilização. Pena que as ciências humanas não se ocupem da polícia como objeto do "bem". Pelo contrário, reafirmam a ignorância e o preconceito que temos contra os policiais relacionando-a apenas com "aparelhos repressivos" e não com "aparelhos constitutivos" do convívio civilizado socialmente sustentável. Há sim corrupção, mas a corrupção, além de ser um dado da natureza humana, é também fruto dos maus salários e do descaso social com relação à polícia, além da proximidade física e psicológica com o crime. Se a polícia se corrompe (privatiza sua função de manutenção da ordem via "caixinhas") e professores, não, não é porque professores são incorruptíveis, mas simplesmente porque o "produto" que a polícia entrega para a sociedade é mais concretamente e imediatamente urgente do que a educação. Com isso não estou dizendo que a educação, minha área primeira de atuação, não seja urgente, mas a falta dela demora mais a ser sentida do que a da polícia, daí "paga-se caixinha para o policial", do contrário roubam sua padaria, sua loja, sua casa, sua escola, seu filho, sua mulher, sua vida. Qual o "produto" da polícia? De novo: liberdade dentro da lei, segurança, a possibilidade de você andar na rua, trabalhar, ir ao cinema, jantar fora, dormir, não ser morto, viver em democracia, enfim, a civilização. Defendem-se drogado, bandido, criminoso. É hora de cuidarmos da nossa polícia.

terça-feira, 10 de abril de 2012

JUIZO FINAL

Benedito Godoy Paiva

Sentado o Padre eterno em trono refulgente,
Olhar severo envia a toda aquela gente!

Enquanto uns anjos cantam, outros vão levando
Ante a figura austera desse Venerando
As almas que da tumba emigram assustadas,
Vendo o tribunal solene, majestoso,
Em que vão ser julgadas.

Dois grupos são formados,
Um de cada lado:
O da direita, Céu; o da esquerda, Averno.
E Satanás, ao canto, o chifre fumegante,
Espera impaciente, impávido, arrogante,
A “turma” para o inferno.

Aconchegando o filho, a alma bem-amada,
E que na terra fora algo desassisada,
Uma mulher se chega e a sua prece faz,
Rogando ao Padre Eterno:
Poupe do inferno o pobre rapaz.

Cofia o Padre Eterno a longa barba branca
E o óculo ajustando à ponta do nariz,
O olhar dirige então à pobre desgraçada
E compassado diz:

- Os anjos vão levar-te agora ao Paraíso
E dar-te a recompensa, o teu descanso eterno.
Ali desfrutarás felicidades mil,
Porém, teu filho mau irá para o inferno.

Um anjo toma o moço e o leva a Satanás,
Porém a pobre mãe ao ver partir o filho,
Aflita, corre atrás!

E ao incorporar-se ela às hostes infernais,
Eis grita o Padre Eterno em tom assustador:
- Mulher para onde vais?

E o que passou-se, então,
Ninguém esquece mais:

- Eu vou para o inferno, ao lado do meu filho,
A repartir comigo a sua desventura!
As lágrimas de mãe, as gotas do meu pranto,
Acalmarão no Averno a sua queimadura!


Eu deixo para ti esse teu céu,
Essa mansão celeste onde o amor é surdo!
Onde se goza a vida a contemplar tormento,
Onde a palavra amor represa um absurdo!

Entregar esse teu Céu às mães malvadas, vis,
Que os filhos já mataram para os não criar,
Pois só essas megeras poderão, no Céu,
Ouvir gritar seus filhos sem consternar!

Desprezo esse teu Céu! O meu amor é grande,
Imenso, assaz, sublime. E posso te afirmar,
Que se o não te comove o pranto lá do inferno,
E os que no Averno estão são todos filhos teus,
O meu amor excede o próprio amor de Deus!

E ante o estupefato olhar do Padre Eterno,
a Mãe beijou o filho, e foi para o inferno.

A LUZ ACIMA DO ALQUEIRE

Por: Josnei Castilho

A história da humanidade é repleta de relatos de pessoas que vieram ao mundo para modificar conceitos e contribuir para a evolução da humanidade. Uma dessas pessoas extraordinárias foi o emérito professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdon-les-Bains, na Suíça (país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos para os mesmos. Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras. Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês, alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol. Era membro de diversas sociedades, entre as quais da Academia Real de Arras, que, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as necessidades da época?". A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diversas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais. Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado do país. As materias que lecionou como pedagogo são: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
O pseudônimo "Allan Kardec", segundo biografias, foi adotado pelo Prof. Rivail a fim de diferenciar a Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o pseudônimo foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vivido juntos entre os druidas, na Gália, e que então o Codificador se chamava "Allan Kardec".
As cinco obras fundamentais que versam sobre o Espiritismo, sob o pseudônimo Allan Kardec, são: O Livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, publicado em 18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, em janeiro de 1861; O Evangelho segundo o Espiritismo, em abril de 1864; O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865; A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, em janeiro de 1868.
Além delas, como Kardec, publicou mais cinco obras complementares: Revista Espírita (periódico de estudos psicológicos), publicada mensalmente de 1 de janeiro de 1858 a 1869; O que é o Espiritismo (resumo sob a forma de perguntas e respostas), em 1859; Instrução prática sobre as manifestações espíritas (substituída pelo Livro dos Médiuns; publicada no Brasil pela editora O Pensamento); O Espiritismo em sua expressão mais simples, em 1862; Viagem Espírita de 1862 (publicada no Brasil pela editora O Clarim). E após o seu falecimento, viria à luz: Obras Póstumas, em 1890.
No 4º Congresso Mundial em Paris (2004), o médium brasileiro Divaldo Pereira Franco psicografou uma mensagem atribuída ao espírito de León Denis em francês (invertida) declarando que Allan Kardec fora a reencarnação de Jan Hus, um reformador religioso do século XV. Esta informação já foi dada em diversas fontes diferentes, o que está de acordo com o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, que Kardec definiu da seguinte forma: "uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos - a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares."
Allan Kardec entregou ao mundo uma das maiores doutrinas já vistas, o ESPIRITISMO. A palavra espiritismo, um neologismo criado por Kardec, designa a doutrina que estuda a natureza, a orígem e o destino dos espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal. Calcada em três pilares básicos (ciência, filosofia e religião), tem como bases as seguintes acertivas: a existência de Deus, definido com a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas; a existência do espírito; a reencarnação; a lei de causa e efeito; a lei da evolução e a pluralidade dos mundos habitados. Em sua vertente religiosa, o espiritismo tem Jesus Cristo como o paradigma, exemplo vivo da verdadeira conduta humana, que resumiu todas as leis e profetas em duas leis básicas, porém, definitivas: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo! De fato, quem se enquadra nestes dois axiomas, jamais incorrerá em quisquer erros desabonadores da moral cristã.
Considerado como a terceira revelação (as leis Mosaicas e o cristianismo são as outras duas), o espiritismo veio trazer luz sobre várias questões controversas da dogmática religiosa, principalmente no tocante à compreensão da justiça divina, aplicando princípios científicos para corroborar suas acertivas. Institui a imortalidade da alma, criada por Deus simples e ignorante, além de definí-la como um ser em dinâmico e constante processo evolutivo. Orgulha-se de ser a dutrina religiosa que não deixa questionamentos sem resposta, não institui dogmas, e sim, esclarece verdades irrefutáveis. Tem como lema principal a frase “Fora da caridade não há salvação”, porém esclarece que a salvação, longe de ser a condução a um pseudo paraíso, nada mais é do que a evoluçãso da alma através do trabalho em prol de quem necessita, o que nos aproxima de Deus.
No Brasil, país alcunhado de o coração do mundo, pátria do evangelho, o espiritismo tem se desenvolvido muito e aumentado o número de adeptos, principalmente após o lançamento de filmes a cerca da doutrina dos espíritos, bem como, da grande exposição midiática dos últimos anos, graças a grandes médiuns como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco.
A grande busca da humanidade é por respostas, porém, estas são difíceis de se obter, principalmente por conta de condições dogmáticas impostas aos seguidores das diversas religiões. Em que pese o grande respeito que o espititismo nutre por todas as religiões, é inegável que a maioria delas deixa a desejas no quesito esclarecimento. No espiritismo todas as obras basilares e as complementares estão à disposição e ao alcance de todos. Não há sonegação de informação ou mesmo deturpação interpretativa de qualquer texto. É a doutrina da transparência e do esclarecimento pleno, lá, qualquer um de nós tem acesso ao conhecimento total das verdades eternas e imutáveis, pois, considera-se preponderante seguir-se aos ensinamentos do mestre Jesus, e um deles é “não por a luz embaixo do alqueire e sim no alto para que possa iluminar a todos”.
Muita paz, e que o senhor Jeus nos abençoe!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Qualificação Técnica em Direito

Com o advento da “Constituição Cidadã”, notamos que a população brasileira, de um modo geral, está mais consciente dos seus direitos e deveres como cidadãos. Notamos ainda que os mecanismos de controle externo das atividades policiais, através de órgãos como o Ministério Público, estão bem mais evidentes e presentes no nosso dia-a-dia. Com isso, a visão externa da PM tem mudado de repressora para protetora, fazendo com que a população sinta-se mais a vontade para criticar ou denunciar atos que julgue impertinentes à ação policial correta.
Nos últimos anos temos visto aumentar consideravelmente o número de pessoas que adentram aos quartéis para queixarem-se de policiais que, na sua visão, tenham cometido algum excesso na prática do seu mister. Vemos que, essas pessoas, independente da classe social, estão bem informadas dos seus direitos e, muitas vezes, ao citá-los, o fazem usando termos próprios da linguagem do Direito.
Estende-se esse entendimento também para ocorrências de trânsito por exemplo, nas quais os cidadãos expõem seus argumentos contraditórios à ação policial, via de regra citando artigos do CTB ou mesmo resoluções, denotando conhecimento jurídico. Não raro observamos até questionamentos sobre a legalidade das ações policiais na área, principalmente ações de abordagem ou busca pessoal, nas quais o PM se vê instado a debater, em bases jurídicas a legitimidade de suas ações.
Paralelo a isso, vemos nos últimos anos uma proliferação muito grande de instituições de ensino superior, que oferecem cursos de graduação na área jurídica, aumentando assim o número de pessoas com o conhecimento das Leis e seus desdobramentos.
Claro que não podemos deixar de lembrar da grande acessibilidade à informação, principalmente através da internet, mas também pelos meios de comunicação de massa, o que possibilita à população o conhecimento em tempo real de fatos ou orientações, aumentando a consciência crítica do público.
Em outra vertente temos o fato de que, ao apresentarmos um conduzido à delegacia, o fazemos a um bacharel em Direito, que ao seu entendimento decide sobre o tipo de qualificação que fará, muitas vezes dando cunho de crime de menor potencial ofensivo a fatos que no nosso entendimento redundariam em flagrantes, gerando em nossos prepostos o descontentamento de ver em liberdade, em curto espaço de tempo, elementos que deveriam estar trancafiados. Todavia resume-se nossa ação ao descontentamento por não nos considerarmos em condições de confrontar a decisão da autoridade, em face de não termos um conhecimento mais aprofundado do assunto, o que gera a insegurança argumentativa. Frise-se que ao expressarmos o termo confrontar não tencionamos fomentar a discórdia institucional, mas, mostrar que podemos debater idéias que nos levem a um denominador comum, desde que estejamos em níveis semelhantes de conhecimento.
Sabemos que nos cursos de formação estão previstas matérias voltadas à preparação jurídica do policial militar, mas, a exigüidade de tempo ou mesmo a pouca qualificação dos instrutores no assunto (principalmente nos núcleos de formação), não permitem o aprofundamento adequado em assunto tão vasto e complexo.
Isto posto, não se pode conceber que o policial militar que atua na área operacional não seja um técnico em ciências jurídicas, pois, corre o risco de, em lhe faltando argumentos, ter de utilizar indevidamente a força para se fazer respeitar em situações simples ou corriqueiras. Assim sendo, propomos, a criação de um curso técnico de Direito, a ser ministrado a todos os policiais militares que atuam na área operacional, em todos os níveis hierárquicos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

FAROESTE CABOCLO II

Por Antônio Jorge Ferreira Melo

Li recentemente sobre um diálogo entre Philip Sheridan, general do exército dos Estados Unidos que comandou uma campanha militar contra os índios, e o Chefe Tosawi, conhecido como Faca de Prata. Buscando mostrar de que lado estaria naquela guerra, o cacique comanche teria dito: “Mim Tosawi. Mim índio bom”, mas o militar teria replicado: “Os únicos índios bons que já vi estavam mortos”.
Mito ou verdade, o certo é que a frase se transformou em “O único índio bom é um índio morto”, e na forma mais lacônica “índio bom: índio morto”. O general mais tarde negou que tenha feito essa afirmação, mas a frase, atravessando a história e o oceano, sendo transmitida de geração a geração, chegou até nós, nos dias atuais, nessa guerra civil não declarada, traduzida e adaptada para: “Bandido bom é bandido morto”.
Em verdade foi lendo o artigo intitulado “Faroeste caboclo” de autoria da minha amiga Jaciara Santos que me flagrei pensando no General Sheridan, no Cacique Tosawi e nesta terra que parece produzir, todos os dias, histórias de faroeste. Tudo culpa da crise institucional em que se viu envolvida a cúpula da segurança pública da Bahia, com a morte de um investigador acusado da prática de extorsão na diligência realizada por policiais civis para efetuar a prisão em flagrante delito do colega suspeito, poucos dias depois da SSP festejar a morte de dez pessoas que integravam uma quadrilha especializada em assaltos a bancos.
Ironia das ironias – em meio à barbarização social do Brasil de nossos dias, onde a tortura e a execução sumária tornaram-se medidas de profilaxia social geralmente aceitas – policiais sendo acusados de assassinato pelo sindicato que os representa por fazerem justamente aquilo que já se tornou uma praxe neste país: matar pessoas más para defender as pessoas boas.
Não sou ingênuo, meus trinta e seis anos de policial militar não me permitem esse privilégio, muito pelo contrário; sei que, infelizmente, atirar para matar, às vezes é absolutamente necessário e, em se tratando de se defender, é plenamente justificado, inclusive por parte dos policiais. Agora, causar mortes é bom? É desejável? É motivo de comemoração?
A força deve ser usada até onde for necessário, nem mais, nem menos, mesmo sabendo perfeitamente que bandidos não têm qualquer piedade com os que colocam na mira de suas armas.
Na realidade, nenhum mal acontece sem o nosso secreto consentimento e, nessa lógica, os governantes, ao escolherem as lideranças das corporações policiais, deixam claro para nós qual será o “modus operandi” das forças de segurança durante o seu mandato.
Tais orientações podem pender para políticas “linha dura”, que desprezam o controle da polícia e agravam a violência policial, ou para políticas de segurança democráticas, que priorizam o controle do uso da força como um elemento da profissionalização da polícia. Carece optar, mas nunca dentro do espírito de que os bandidos não são humanos e por isso não merecem viver.
Radicalismo sindical à parte, necessário se faz recompor a realidade, livrando-a da mera indignação do momento, fornecendo um quadro mais amplo, e com isso permitindo um julgamento mais adequado dos fatos, diante de perguntas não (ou mal) respondidas em torno de ambos os episódios. Crises servem para detectar onde erramos e que precauções devemos tomar para evitar a repetição do erro. Sem isto, continuaremos a escolher as mortes que devem ser choradas e as que devem ser comemoradas.
Eu não consigo soltar fogos para comemorar o desfecho de operações policiais com mortes ou contá-las com o clássico fecho “e todos foram felizes para sempre”, mas, sem hipocrisia, é forçoso reconhecer que se torna cada vez mais difícil não vibrar quando criminosos ou policiais corruptos se dão mal: é tudo que a sociedade mais deseja.
Que Deus conforte os familiares dos mortos e ajude os policiais a equacionar esta complexa questão de matar pessoas más para defender as pessoas boas, pois, no nosso faroeste caboclo, mudam os atores, muda o cenário, mas a regra de funcionamento permanece: bandido bom: bandido morto.
Enfim, acabou o carnaval. Mas mesmo com os meus ouvidos zunindo com a overdose de Axé, em todos esses dias não me saiu da cabeça o clássico batidão carioca que marca a entrada dos filmes de José Padilha e seus roteiros onde o bem e o mal são destacados como polos entre o herói policial contra a banda podre da corporação, agora ampliada para o sistema de segurança pública: “Tropa de elite, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você!”

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A INVEJA

A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de serem identificados e
reconhecidos. Ignoramos que não há ninguém que respire que seja tão bem resolvido na vida a ponto de nunca desejar, pelo menos um pouco, daquilo que se admira no outro. O sentimento da inveja é filho da admiração, o que não significa que não exista admiração sem inveja. Mas onde existir a inveja, com certeza, houve a admiração antes. A inveja, enquanto sentimento, não é boa nem má. É apenas o desejo de possuir ou ser o que o outro tem ou é. O que pode ser mau ou bom é o comportamento que adotarmos diante desse sentimento. Traçado o limite entre a admiração e a inveja, o que importa é cada um identificar no próprio coração qual é a reação que aflora e que poderá determinar seu comportamento.
Podemos reagir de três formas quando identificamos e aceitamos em nós mesmos o sentimento de inveja. A primeira forma é reconhecer que se quer o que o outro é ou tem, avaliando as possibilidades reais de ser ou possuir o que admiramos no próximo. Posso desejar ter um carro de luxo caro, mas quando faço as contas descubro que, com o salário que ganho, é impossível adquirir um. Diante disso, há quem abra mão de outras coisas, esforça-se mais e se sacrifique para conquistar aquele objetivo. Neste caso, o sentimento de inveja foi positivo: um estímulo para o uso dos próprios recursos no empenho de conseguir o que se deseja. A segunda reação é quando admiramos e desejamos o que outro tem, mas diante da impossibilidade de tê-lo passamos a desvalorizar e criticar aquilo que não temos condições de adquirir. No caso do carro, o invejoso diria: Este carro não presta. Consome muito combustível, sua manutenção é caríssima e ocupa muito espaço. Às vezes, esse tipo de comportamento até começa com um elogio, mas logo em seguida vem a crítica, o menosprezo. E a terceira maneira de reagir diante da inveja é quando, diante da impossibilidade de conseguir o que desejamos, adotamos um comportamento destrutivo em relação à pessoa e ou aos bens que são alvo dos nossos desejos. É o caso da pessoa, que muitas vezes, até sem perceber, assume uma postura de: Já que não posso ter, você também não terá. O lado bom da história é que podemos tirar proveito quando detectamos os sentimentos de inveja no nosso coração. Eles apontam para uma deficiência na capacidade de reconhecer o nosso próprio valor, o nosso potencial, e desenvolvê-lo de tal forma que se tornem uma fonte de contentamento e realização. Enquanto simplesmente invejamos o próximo, tiramos o foco do que somos e temos, e gastamos inutilmente uma energia que poderia ser canalizada para o desenvolvimento das nossas habilidades e talentos. Tentamos a todo custo ter a vida do outro. E nessa tentativa perdemos a oportunidade de sermos nós mesmos.
Um dos provérbios do rei Salomão já nos adverte que a inveja é a podridão dos ossos. A Bíblia tem também um bom exemplo disso. Quando o filho pródigo da parábola aquele que saiu de casa à revelia do pai e consumiu toda sua herança voltou para casa, ganhou um banquete de recepção. Seu irmão mais velho, que sempre ficou ao lado do pai, sentiu-se injustiçado afinal, embora tivesse permanecido sempre em casa, seguindo fielmente as ordens paternas, nunca tivera uma festa daquelas. A resposta do pai esclarece que o filho mais velho é que não sabia desfrutar do que tinha: Meu filho, tudo que é meu é seu. O que na realidade aconteceu foi que o irmão mais velho não conseguiu tomar posse do que tinha conquistado por direito. E este é o pior castigo para quem é dominado pelo sentimento de inveja ele não usa e nem desfruta do que tem por direito, e também não consegue festejar e se alegrar com o que o outro tem. E ainda coloca a culpa em terceiros. Não sabemos qual foi a resposta deste jovem para o pai. Seria muito bom se ele tivesse reconhecido que tinha inveja do presente dado ao irmão e dificuldade em usufruir o que já lhe pertencia. É claro que o pai desta parábola contada por Jesus representa Deus, que sempre nos acolhe e nos restaura diante de nosso arrependimento.
Não há duas pessoas iguais no mundo. Cada um tem personalidade e habilidades que são únicas, mas que esperam ser reconhecidas e desenvolvidas. O ideal seria que o jeito de ser de cada um, bem como suas habilidades, recebessem um olhar de aprovação desde o nascimento. É assim que aprendemos desde cedo a nos alegrar com o que somos. Mas nem sempre é isso que acontece. No desejo de agradar, deixamos de lado o que naturalmente somos e nos esforçamos para sermos iguais àqueles que são apontados como modelos, seja pelo que são ou pelo que têm. A solução, depois do estrago feito, é cada um se reencontrar no próprio espaço, onde possa ser ele mesmo, com todas suas características e talentos, tanto os natos como os aprendidos.
Sempre é possível resgatar quem de verdade se é. E esta é uma busca que o indivíduo deve fazer para dentro de si mesmo, para, a partir daí, se doar e ser um caminho de bondade e amor para com aqueles que vivem à sua volta. Assim, faremos para nós mesmos nossas próprias festas e teremos recursos para nos alegrarmos e celebrarmos a alegria dos outros.

Um grande abraço,
Nelson

terça-feira, 20 de julho de 2010

Quero ser feliz!

Quero ser feliz,
Por mais difícil que seja,
Pois, todo homem almeja,
Do sábio ao aprendiz.


Talvez seja ilusório,
Imaginar-se contente
Nesse mundo tão descrente,
Cruel e contraditório.


A felicidade buscada
Na luta do dia a dia,
Tem muito mais alegria
Do que esperar por nada.


--- Quero ser feliz !
Disse-me um amigo.
Talvez pareça castigo,
Mas, assim mesmo não ligo.
Pois, ele sabe o que diz.


Eu sou um ser inconstante,
Buscando felicidade.
É cruel a realidade
De se buscar tão distante,
Já que, dizendo a verdade,
Eu não fui longe o bastante.

O PASSE - Alguns esclarecimentos

1. Introdução:
Conforme encontramos em "A Gênese", item 17, "Os fluidos não possuem qualidades do seu próprio gênoro, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna muito especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos..."
O Espírito André Luiz, informando sobre o passe, do ponto de vista da medicina humana, declara, em "Evolução em Dois Mundos", capítulo 15:
"Pelo passe magnético, no entanto, notadamente aquele que se baseia no divino manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem, para que essa vontade, novamente ajustada à confiança, magnetize naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência se recomponha para o equilíbrio indispensável".
Pouco antes, dissera ele que:
"Toda queda moral, nos seres responsáveis, opera certa lesão no hemisfério somático ou veiculo carnal, provocando determinada causa de sofrimento".
Retomando ao tema, no livro "Mecanismo da Mediunidade", observa ainda, esse mesmo autor espiritual, que "o passe é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe, desde as crianças tenras aos pacientes em posição avançada na experiência física, reconhecendo-se, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos doentes adultos que se mostrem jungidos à inconsciência temporária, por desajustes complicados do cérebro. Esclarecemos, porém, que, em toda situação e em qualquer tempo, cabe ao médium passista buscar na prece o fio de ligação com os planos mais elevados da vida, porquanto, através da oração, contará com a presença sutil dos instrutores que atendem aos misteres da Providencia Divina, a lhe utilizarem os recursos para a extensão incessante do Eterno Bem."
Observamos que os textos aqui reproduzidos referem-se especificamente ao passe curador, aplicado em seres encarnados. Como sabemos, porém, o passe é utilizado para magnetizar, provocando, nesse caso, o desdobramento do perispírito, e até o acesso à memória integral e conseqüente conhecimento de vidas anteriores, segundo experiências de Albert de Rochas, reiteradas posteriormente por vários pesquisadores.
A literatura sobre o passe magnético é vasta, mesmo fora do âmbito estritamente doutrinário do Espiritismo, de vez que o magnetismo foi amplamente cultivado na Europa, no século passado, principalmente na França. (texto extraído do Livro Diálogo com as Sombras de Hermínio C. Miranda, págs. 246 e 247).
2. Objetivos do Passe:
1 – Conhecer, dominar e exercitar as técnicas adequadas de transmissão do passe, que devem basear-se na simplicidade, na discrição e na ética cristã.
2 – Associar corretamente as bases do fenômeno do passe com as unidades anteriores (concentração, prece e irradiação), para melhor sentir essa transfusão de energias fluídicas vitais (psíquicas) e/ou espirituais, através da imposição de mãos que facilite o fluxo e a transmissão dessas energias.
3 – Compreender as necessidades das condições de ambiente, local e recinto adequado e situações favoráveis ao exercício e aplicação do passe.
4 – Observar com rigor as condições morais, físicas e espirituais e de conhecimento doutrinário que o passista deve possuir, para desempenhar a atividade do passe com eficiência e seriedade.
5 – Verificar, com especial cuidado, a forma correta e simples da aplicação do passe, evitando o formalismo e as atitudes constrangedoras ou práticas esdrúxulas que fogem à discrição doutrinária gerando condicionamentos e interpretações errôneas de sua aplicação.
6 – Reconhecer e exercitar disciplinadamente a aplicação do passe, desapegado da mediunização ostensiva, evitando o aconselhamento ao paciente (que deve ser feito em trabalho especializado), ciente de que tal aplicação deve ser silenciosa, com unção cristã, associando ao máximo possível as suas energias às do mundo espiritual, para maior eficiência no socorro prestado (vide Livro "Nos Domínios da Mediunidade", Cap. 17).
7 – Reconhecer que é dispensável o contato físico na aplicação do passe, o qual pode gerar barreiras e constrangimento, atendendo à ética e à simplicidade doutrinarias, já que a energia que se transmite é de natureza fluídica e, portanto, se faz através das auras (passista-paciente) e não pelo contacto da epiderme, consoante se pode demonstrar atualmente por efeitos registrados em aparelhos (máquina Kirlian). Ocorre um fluxo de energias como uma ponte de ligação de forças passista-paciente.
8 – Conscientizar-se de que na tarefa de auxilio pelo passe o médium não deve expor-se, baseado apenas na boa vontade, mas sim se precaver a beneficio da própria eficiência do atendimento, observando as condições necessárias à sua aplicação (ambiente, local, sustentação, etc), procurando desempenhar sua função em Centro Espírita, evitando instituir atendimento em casa, exceto no Culto do Evangelho quando perceber sua necessidade ou atender alguém enfermo em sua residência em situação de emergência, tomando as precauções necessárias. Excepcionalmente, atender os necessitados que por motivos de doenças, idade avançada, acidentes, etc, não podem locomover-se até o Centro Espírita, tomando para isso as medidas de precauções necessárias para fazê-lo em equipe ou reunindo companheiros seguros que possam auxiliar em tal tarefa.
09 – Compreender e distinguir em que situações o resultado do passe pode ser benéfico, maléfico ou nulo, preparando-se convenientemente para torná-lo sempre benéfico. O Centro Espírita deve possuir serviço de passe em trabalho destinado ao publico com elucidação evangélico-doutrinária e orientação dos que buscam o passe quanto às atitudes que devem observar para melhor receberem os seus benefícios. A aplicação do passe deve ser feita em sala especial do Centro Espírita, atendendo as características de Câmara de Passe. (Extraído do Manual de Aplicação do COEM pgs. 99,100 e 101).
3. Passe – Forma de Aplicação
Antes de quaisquer considerações a respeito das formas de aplicação do passe, convém lembrar que o passista deve, em primeiro lugar, preparar-se convenientemente, através da elevação espiritual, por meio de preces, meditação, leituras adequadas, etc, em segundo lugar, deve encarar a transmissão do passe como um ato eminentemente fraternal, doando o que de melhor tenha em sentimentos e vibrações.
A transmissão do passe se faz pela vontade que dirige os fluídos para atingir os fins desejados. Daí, concluir-se que antes de quaisquer posições, movimentos ou aparatos exteriores, a disposição mental de quem aplica e de quem recebe o passe, é mais importante.
Deve-se, na transmissão do passe, evitar condicionamentos que se tornaram usuais, mas que unicamente desvirtuam a boa prática espírita.
Destacamos, a seguir, aquilo que o conhecimento de mecânica dos fluídos já nos fez concluir:
1) Não há necessidade do toque, de forma alguma ou a qualquer pretexto, no paciente, para que a transmissão do fluído ocorra. A transmissão se dá de aura para aura. O encostar de mãos em quem recebe o passe causa reações contrarias à boa recepção dos fluidos e, mesmo, cria situações embaraçosas que convém prevenir.
2) A imposição de mãos, como o fez Jesus, é o exemplo correto de transmitir o passe.
3) Os movimentos que gradativamente foram sendo incorporados à forma de aplicação do passe criaram verdadeiro folclore quanto a esta prática espírita, desfigurando a verdadeira técnica. Os passistas passaram a se preocupar mais com os movimentos que deveriam realizar do que com o dirigir seus pensamentos para movimentar os fluidos.
4) Não há posição convencionada para que o beneficiado deva postar-se para que haja a recepção dos fluídos (pernas descruzadas, mãos em concha voltadas para o alto, etc). O importante é a disposição mental para captar os fluidos que lhe são transmitidos e não a posição do corpo.
5) O médium passista transmite o fluido, sem a necessidade de incorporação de um espírito para realizar a tarefa. Daí decorre que o passe deve ser silencioso, discreto, sem o balbuciar de preces, a repetição de "chavões" ou orientações à guisa de palavras sacramentais.
6) O passe deve ser realizado em câmara para isso destinada, evitando-se o inconveniente de aplicá-lo em público, porque, além de perder em grande parte seu potencial pela vã curiosidade dos presentes e pela falta de harmonização do ambiente, foge também à ética e à discrição cristãs. A câmara de passes fica constantemente saturada de elementos fluídico-espirituais, permitindo um melhor atendimento aos necessitados e eliminando fatores de dispersão de fluídos que geralmente ocorre no "passe em público".
7) Devem-se evitar os condicionamentos desagradáveis, tais como: estalidos de dedos, palmas, esfregar as mãos, respiração ofegante, sopros, etc.
*Antigamente, quando se acreditava que o passe era simplesmente transmissão magnética, criaram-se certas crendices que o estudo da transmissão fluídica desfez, tais como: necessidade de darem-se as mãos para que a "corrente" se estabelecesse; alternância dos sexos para que o passe ocorresse; obrigação do passista de livrar-se de objetos metálicos para não "quebrar a corrente", etc.
9) Estamos mergulhados num "mar imenso de fluidos" e o médium, à medida que dá o passe, carrega-se automaticamente de fluidos salutares. Portanto, nada mais é que simples condicionamento a necessidade que certos médiuns passistas apresentam de receberem passes de outros médiuns ao final do trabalho, afirmando-se desvitalizados, não procede. Poderá haver cansaço físico, mas nunca desgaste fluídico, se o trabalho for bem orientado.
10) O passe deve ser dado em ambiente adequado, no Centro Espírita. Evitar o passe a domicílio para não favorecer o comodismo e o falso escrúpulo dos que não querem ser vistos numa casa espírita porque isso abalaria sua "posição social". Somente em casos de doença grave ou impossibilidade total de comparecimento ao Centro é que o passe deverá ser dado, "por uma pequena equipe", na residência do necessitado, enquanto perdurar o impedimento que o mantém sem condições de comparecer à Casa Espírita.
11) A transmissão do fluído deve ser feita de pessoa a pessoa, devendo-se evitar práticas esdrúxulas de dar-se passes em roupas, toalhas e objetos pertencentes ao paciente, bem como não há necessidade alguma de levar-se a sua fotografia para que seja atendido à distância.
12) Não existe um número padronizado de passes que o médium poderá dar, acima do qual ele estará prejudicando-se. A quantidade de passes transmitidos poderá levar o médium a um cansaço físico, mas, nunca à exaustão fluídica, se o trabalho for bem orientado, pois a reposição de fluidos se dá automaticamente à medida que o médium vai atendendo os que penetram a câmara de passes.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que é ISLAMISMO?

RESPOSTA:
Sabe-se que Islamismo é a religião pregada (ou fundada) pelo Profeta Maomé, nascido no ano 571 D.C. em Makkah (MECA), na península arábica, e cujo Livro Sagrado é o ALCORÃO.
Esta breve definição, embora razoável, não é, entretanto, completa! Porque Islam é muito mais! E antes de discorrermos, queremos dizer que: ISLAMISMO, ISLAM, ISLÃ, ISLÃO, RELIGIÃO MUÇULMANA, todos estes termos querem dizer - e significam - a mesma coisa. Igualmente os adjetivos: muçulmano, islâmico, islamítico, islamita, todos eles têm o mesmo significado.
Nós, vamos adotar, neste breve relato, o seguinte:
- ISLAM ou ISLAMISMO, o substantivo que designa a religião muçulmana.
- MUÇULMANO, o adjetivo que qualifica o seguidor do islamismo (muçulmana no feminino).
- ISLÂMICO (ISLÂMICA) como adjetivo para designar coisas como: livro islâmico, país islâmico, terra islâmica, etc...
O Alcorão -que se constitui na base primeira desta religião, é considerado por seus seguidores, a Palavra de Deus - ao consultá-lo sobre o significado (e o conceito) - do ISLAM, ficamos extraordinariamente admirados quanto à extensão, à abrangência e o ecumenismo do mesmo. Repetimos: ninguém poderá conhecer verdadeiramente o ISLAM, sem conhecer o Alcorão. Na Surata 3, versículo 64, Deus diz:
"Dize (ó Muhammad): Ó adeptos do Livro, vinde para uma palavra comum entre nós e vós, que não adoremos (tanto nós quanto vós) senão a Deus, e nada associemos a Ele, e que não tomemos uns aos outros por senhores (em vez de Deus). Em caso de recusarem, dizei: Testificai que somos muçulmanos."
Alcorão 3:64 9
Eis, portanto, a amplitude e a abrangência do ISLAMISMO, que é a união de todas as mensagens divinas na fé no mesmo Deus único e Uno, e na dedicação da adoração e dos cultos a ELE como ÚNICO SENHOR.
Isto é ISLAMISMO!
Em outro versículo Corânico, o 67 da Surata 3, explicita o conceito prático do ISLAM:
"Quem teria melhor religião do que aquele que entrega seu rosto (rumo) a Deus, e é sempre caridoso, e segue a crença monoteísta de Abraão? Deus elegeu a Abraão para ser seu íntimo amigo."
Alcorão 3:67 10
---Foi chamado (Abraão) amigo de Deus.--
Tiago 2:23
Vemos, claramente, que ISLAMISMO e RELIGIÃO são sinônimos no Alcorão Sagrado, e sua base é a fé em Deus único e Uno, que orienta o crente no islam para ser caridoso e caminhar rumo a Deus!
Islamismo, então, é: Fé em Deus Uno + Caridade + Caminhar (pela vida) rumo a Deus.
Outra surpresa admirável que nos revelou a leitura do Sagrado Alcorão, foi o termo ISLAMISMO designando todas as manifestações religiosas anteriores a Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.) Exemplos:
1o - Noé foi muçulmano, conforme o diz o Alcorão:
"Se recusardes (meu apêlo à fé, diz Noé), não vos pedirei nenhuma recompensa, porque a espero somente de Deus, e fui ordenado ser-Lhe muçulmano."
Alcorão 10:72 11
2o - Abraão foi muçulmano, de acordo com o Alcorão:
"Abraão não era judeu nem cristão, e sim monoteísta muçulmano."
Alcorão 3:67 12
3o - Moisés, também, foi muçulmano, de acordo com o Alcorão:
"Moisés falou-lhes: Ó povo meu, se acreditastes realmente em Deus, ponde vossa confiança n'Ele, se sois muçulmanos."
Alcorão 10:84 13
4o - E, finalmente, os discípulos de Jesus, Filho de Maria, também eram muçulmanos, de acordo com o que o Alcorão registra:
"Quando Jesus pressentiu a incredulidade deles (dos israelitas), indagou: Quem me apóia em Deus? Os discípulos disseram-lhe: Nós somos teus apoiadores em Deus, cremos em Deus; testifique tu que somos muçulmanos."
Alcorão 3:5214.
O Sagrado Alcorão registra, igualmente, que todos os profetas eram muçulmanos: 10:71,72 / 2:130,131,132 / 27:44 / 5:44 / 3:52,53 / 5:111 12:128 22:78 / 31:22.
E seguindo na nossa leitura do Alcorão Sagrado, mais e mais surpresas fomos encontrando, como a que designa: LIVRO DE DEUS, todas as revelações recebidas pelos Enviados de Deus. Exemplos:
"Enviamos (Deus quem enviou) Nossos Apóstolos com os esclarecimentos, e lhes revelamos o Livro e a Balança... E enviamos, também, Noé e Abraão, e fizemos com que a Profecia e o Livro estejam confiados à descendência de ambos..."
Alcorão 57:25,26 15
Assim, vemos que Deus chama de: LIVRO, todas as Mensagens que ELE revelou aos Profetas-Apóstolos, e mais especificamente: Deus iguala o Alcorão - que o designa como Livro - à Torá e ao Evangelho.
"Deus revelou a ti (ó Muhammad) o Livro (Alcorão) pela verdade, confirmando a Revelação existente, e (Deus) revelou a Torá e o Evangelho, anteriormente, para guiarem os homens. E Deus revelou o Discernimento."
Alcorão 3:3,4 16
Portanto, na Religião Muçulmana, a RELIGIOSIDADE é uma manifestação ÚNICA revelada pelo mesmo e único Deus, em diferentes épocas, a homens ESPECIAIS chamados de: Profetas-Apóstolos (ou Mensageiros de Deus, ou Enviados de Deus), para guiarem os homens no caminho certo que os leva ao verdadeiro Deus-Criador. Esses Enviados de Deus pregaram sempre as mesmas verdades eternas que Deus lhes revelou:
"Prescreveu -vos (Deus prescreveu) como religião, o mesmo que recomendou a Noé e o que revelamos a ti (ó Muhammad) e o que recomendamos a Abraão, e a Moisés e a Jesus. (Recomendamos a todos) Que instituísses a religião e não vos dividisses nela. Os idólatras ressentiram-se sobre o que vós os convoqueis para ele."
Alcorão 42:1317
Indica este versículo que TUDO que Deus preceituou para os muçulmanos é, no geral, o mesmo que foi preceituado aos Profetas: Que estabeleçam a religião do Deus único e Uno. Deste modo, sente o muçulmano que é a continuação desses homens excelsos, e no caminho deles pauta, e está, portanto, inserido nessa caravana abençoada por Deus, desde o alvorecer da história humana. Igualmente indica, este versículo corânico, que a paz profunda deve imperar entre todos aqueles que acreditam na religião única de Deus. Pois se o que Deus preceituou - como religião - para os seguidores de Maomé (Muhammad S.A.A.W.S.) é o mesmo que Deus preceituou para Noé, Abraão, Moisés, Jesus e outros.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O que é AGNOSTICISMO?

Pergunta: "O que é agnosticismo?"
Resposta: Agnosticismo é a crença de que a existência de Deus é impossível de ser conhecida ou provada. A palavra “agnóstico” significa essencialmente “sem conhecimento”. Agnosticismo é uma forma mais intelectualmente honesta do ateísmo. O ateísmo afirma que Deus não existe – uma posição que não pode ser provada. O agnosticismo argumenta que a existência de Deus não pode ser provada ou deixar de ser provada – que é impossível saber se Deus existe. Neste conceito, o agnosticismo está certo. A existência de Deus não pode ser provada ou deixar de ser provada empiricamente.
A Bíblia nos diz que nós devemos aceitar por fé que Deus existe. Hebreus 11:6 diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Deus é espírito (João 4:24), então ele não pode ser visto ou tocado. A menos que Deus decida revelar a Si próprio, Ele é essencialmente invisível aos nossos sentidos (Romanos 1:20). A Bíblia ensina que a existência de Deus pode ser claramente vista no universo (Salmos 19:1-4), percebida na natureza (Romanos 1:18-22) e confirmada nos nossos próprios corações (Eclesiastes 3:11).
O agnosticimo é essencialmente a falta de vontade de tomar uma decisão a favor ou contra a existência de Deus. É a posição mais “em cima do muro” que existe. Teístas acreditam que Deus existe. Ateus acreditam que Deus não existe. Agnósticos acreditam que nós não deveríamos acreditar ou desacreditar na existência de Deus – porque é impossível conhecê-la.
Por um instante, vamos deixar de lado as evidências claras e inegáveis da existência de Deus. Se colocamos as posições do teísmo e do ateísmo/agnosticismo no mesmo nível, em qual delas faz mais “sentido” acreditar – levando em conta a possibilidade de vida após a morte? Se não há Deus, teístas e ateus/agnósticos simplesmente cessarão de existir quando morrerem. Se há um Deus, ateus e agnósticos terão Alguém a quem prestar contas quando morrerem. Deste ponto de vista, definitivamente faz mais “sentido” ser um teísta do que um ateu/agnóstico. Se nenhuma das posições pode ser provada ou deixar de ser provada, não parece mais sábio fazer todo o esforço necessário para acreditar na posição que poderá ter um resultado final infinita e eternamente mais desejável?
É normal ter dúvidas. Existem tantas coisas neste mundo que nós não entendemos. Com freqüência, as pessoas duvidam da existência de Deus porque elas não entendem ou concordam com as coisas que Ele faz e permite. No entanto, nós, como seres humanos finitos, não devemos esperar entender um Deus infinito. Romanos 11:33-34 exclama: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” Nós devemos acreditar em Deus pela fé e confiar nos seus caminhos pela fé. Deus está pronto e com vontade de revelar a Si próprio de formas incríveis para aqueles que acreditam nele. Deuteronômio diz: “De lá, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.”

Após longa ausência, desculpamo-nos por isso, iniciamos agora postagens com o título "O QUE È...".

Após longa ausência, desculpamo-nos por isso, iniciamos agora postagens com o título "O QUE È...". Assim os leitores poderão fazer perguntas sobre os mais diversos temas ligados ao Espiritismo e a outras religiões. Esperamos que gostem e participem com suas perguntas. Saúde e paz a todos!!!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O SONHO

Um dia eu andava tristonho,
Pelas ruelas da vida,
Buscava uma saída,
Que decifrasse meu sonho.


Sonhei que estava sozinho,
Na vastidão do infinito,
E me sentia aflito,
Como uma ave sem ninho.


Olhava nos quatro cantos
E não enxergava nada,
Apenas a longa estrada,
Umedecida de prantos.


Resolvi seguir por ela,
Só pra ver onde chegava,
E a angústia se agravava,
Naquela tarde singela.


Mesmo seguindo o caminho,
Hirto, garboso, bem forte,
Não encontrava o norte,
Continuava sozinho.


Soltei o meu raciocínio,
Pus-me a pensar preocupado,
Porque ninguém ao meu lado?
Onde estará meu fascínio?


Deve haver um motivo,
Pra solidão desse mundo.
Não se precisa ir fundo,
Para notar-se um cativo.








Os Homens são diferentes,
E isso afasta as vidas.
As alegrias? Contidas.
Os sentimentos? Dormentes.


Depois desta meditação,
Onde a angústia arrosta,
Pude achar a resposta,
De tamanha indagação.


O ser humano em caminho,
Deve ajudar seu irmão,
Essa é a real solução,
Pra quem se acha sozinho.